sábado, 23 de abril de 2011

O Louco (Ou: meu retorno ao Mundo Pagão)


Tarô de Marselha
Como coloquei no meu outro blog, além da vontade louca de voltar aos estudos relacionados ao Paganismo/Tarô, também apareceu uma vontade muito forte de voltar a escrever sobre o assunto. Porém, neste momento, devido ao meu longo afastamento, me sinto perdida no caminho. Até agora não sabia sobre o que poderia ser meu primeiro texto dessa nova fase. E não é que o fato de eu estar, de certa forma, confusa, me deu uma ótima idéia?! Afinal, como alguns chamam mesmo o tarô? Sim, a Jornada do Louco.
 
O Louco, arcano 0 (zero) em alguns tarôs e XXII em outros, pode ser interpretado como alguém que inicia um novo caminho, porém não sabe onde ele vai o levar, que é exatamente como me sinto.  Ele segue andando, sendo guiado somente por suas intuições, sem atentar para os perigos que seu cãozinho tenta alertar. Muitas vezes o Louco é desenhado com uma venda nos olhos, exaltando ainda mais essa situação.
 
Como disse Sallie Nichols, no seu livro “Jung e o Tarô – Uma jornada arquetípica” (pág. 46):
 
Tarô Mitológico
“Símbolo do fogo prometéico, o Louco arquetípico personifica o poder transformador que criou a civilização – e que também pode destruí-la. O seu potencial para a criação e a destruição, para a ordem e a anarquia, reflete-se no modo com que é apresentado no velho Tarô de Marselha, onde o retratam seguindo à vontade, liberto de todos os estorvos da sociedade, sem ter sequer um caminho para guiá-lo;”
 
No Tarô Mitológico, O Louco é representado por Dioniso. Na imagem Ele aparece vestido com roupas feitas de pele de animais, representando o instinto de alguém ainda ‘inconsciente’, saindo de uma caverna (passado) e caminhando em direção a um precipício (o salto para o desconhecido).
 
Gaian Tarot
Mas a imagem do Louco que mais gosto é a do Gaian Tarot. Para mim, ela passa a impressão de alguém que decidiu deixar tudo para trás e conhecer novos lugares, decidindo instintivamente, no último momento, para qual lado irá seguir. Por isso ela está parada ali, em cima da montanha, olhando todo aquele imenso terreno a sua frente. Ela sabe que o caminho é longo, mas isso não a faz voltar atrás em suas decisões. A raposa, para mim, significa os perigos que estão por vir, porém isso não incomoda a moça que está prestes a começar uma nova caminhada, fazendo com que ela nem note a presença do animal.
 
E, termino esse primeiro texto com uma citação de William Blake que inicia o capítulo sobre o Louco no livro de Sallie Nichols (já mencionado acima):
 
“Se o homem persistisse em sua loucura, tornar-se-ía sábio.”
 
(Daniela Garcia)

Referências:
NICHOLS, Sallie. Jung e o Tarô: uma jornada arquetípica. São Paulo: Cultrix, 2007.